“Um dia… pronto!… Me acabo. Pois seja o que tem de ser. Morrer: que me importa? O diabo é deixar de viver.”
Mario Quintana
Viver é saber sentir a vida… Ora, então não é, você concorda?
Bem,
A vida humana perde sua vitalidade quando permeada por desamores e dissabores; a vida é crescer, vibrar e florescer, portanto, tudo aquilo que nos entristece e nos enrijece, por conseguinte também nos adoece e nos rouba de nós.
Assim sendo, fica fácil entender o porque a felicidade é tão preciosa, quiçá se não é ela a própria vida ou único propósito desta jornada, pois são nos momentos de felicidade, que experimentamos a plenitude da nossa existência.
Parece-me que são esses instantes efêmeros, que dão sentido a tudo e eles são como pérolas raras, não é mesmo? Quando eles se dissipam, restam-nos a terrível sensação de que a vida boa virou fumaça no ar, quando a alegria finda e tudo perde a graça, fica o automatismo da respiração e as coisas ficam sem sabor e nada é bom e tudo é pouco satisfatório feito comida sem tempero, não é?
Pois, nada tem graça e a acabamos por ficar ali, meio a deriva como quem não sabe se vai ou se fica e nessa indecisão, deixamos a vida ir como água que se escorre pelas mãos. Ficamos sem saber se de fato existe algo que realmente possa valer a pena. É, sei bem como é! O nosso respirar deixa de ser importante, não é? Perde totalmente o valor.
Portanto, eu concluo que morrer nunca foi um dilema para aqueles que verdadeiramente sabem viver. 😉
Muito pelo contrário! A morte passa a ser ansiada quando a força que nos sustenta ou a alegria que outrora nos movia, deixa de existir. Essa ausência do prana (energia vital) perturba-nos a mente, adoece-nos a alma, o físico fica feio e irreverente e no fim disto tudo, nós temos? Somente a velha e enfadonha respiração mecânica de sempre.
Esta sobrevivência se transformará muito rapidamente em uma espera apática pela morte física, ficaremos, obesos, rijos e tristes, assim esperaremos ansiosos pela cessação do tédio que se estende enquanto respiramos, certo? Penso que deve ser por isso que qualificamos a vida como dura e que devemos lutar para coexistir.
“A vida é abundancia.”
Reza a lenda que Jesus, foi um grande mestre e, portanto todos sabem que durante o seu tempo aqui, ele falou sobre o amor que transcende tempo, ensinou a arte do perdão, defendeu a entrega da alma e proclamou por todos os lados que a Vida é pura abundância. Ah, eu acho isso uma lição inestimável.
A vida é mesmo rica e abundante, cheia de predicados. É plena e a paz reina com tranquilidade, a força do amor transcende os problemas pessoais e o mundo não se desfaz quando algo chega ao fim. Viver plenamente e a harmonicamente é aceitar que tudo começa e tudo finda, tem a chegada e a partida, entender este mecanismo nos concederá mais momentos preciosos de muito amor.
Precisamos compreender que a roda do Samsara gira ininterruptamente. A vida sagrada insisti em continuar o seu curso, seguirá incansavelmente o eterno ciclo do nascimento, crescimento, reprodução e morte, transformando-se constantemente e renascendo muitas outras vezes e de muitas formas diferentes.
Entretanto a doença da mente e a confusão de conceitos da vida moderna, conseguem fazer valer a lenda de que a vida é de fato uma luta e por vezes ou muitas vezes desacreditamos no amor, fazemos isso porque dizem que ele vem acompanhado da loucura e, é claro que vem! PENSA BEM …
Por acaso teria como ser diferente? O amor não tem conseguido se libertar das amarras impostas pela sociedade e suas regras, foi capturado e desde então está preso num papel A4, foi obrigado a sofrer para ser visto como válido deve permanecer até morrer. Ficou louco, coitado!
Quando há amor de verdade também há liberdade e felicidade; a alma de quem ama vibra em vários tons sem interrupções, não há a necessidade de justificação, não tem obrigação, o tempo não é importante aqui. Aliás, a ausência do deus Tempo é desejada para que tudo continue a fluir.
Quando estamos amando todo o resto se torna secundário, pois viver é o que realmente importa; os nossos sentidos se voltam para a preservação do ser, a sua luz brilha e a sua energia resplandece espalhando a essência da verdadeira vida. Há um êxtase pulsante que nos aquece como as labaredas de uma fogueira de São João, irradiando calor pelo corpo, alma e coração.
Assim os amantes da vida anseiam, parar, congelar o tempo e, ao mesmo tempo, não quer perdê-lo. Assim são os momentos onde a vida está presente; tudo o mais é morte. No entanto, a mente recusa-se a seguir a lógica e a alma? Ela suplica para que os relógios psicológicos e cronológicos cessem sua contagem para que possamos cantar e dançar como pluma ao vento.
A vida não possui um oposto; a morte física não tem o poder de encerrá-la. A vida se ajusta, se adapta, e a alma viva persistirá em outros corpos.
Tudo se transforma, e a morte ocorre sempre que perdemos a calma.
O coração silencia, o corpo treme, se endurece; tudo perde sua luminosidade, e a visão se obscurece.
No entanto, aquilo que foi vivido com outra alma permanecerá ..
A vida, meus amores é o amor que floresceu em pequenos momentos compartilhados com outras almas.
Mas, por ora, deixemos o Sol brilhar, mesmo que seja inverno.
Gratidão,
Dan Dronacharya.