O que é a constelação familiar?
“A constelação familiar é uma prática considerada terapêutica que busca resolver conflitos familiares que atravessam gerações. Num primeiro olhar, a técnica tem conteúdos parecidos aos do psicodrama, por conta da dramatização de situações, e da psicoterapia breve, pela ação rápida. Mas, embora parecidas, elas não são a mesma coisa e a prática não é reconhecida pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia). A dinâmica pode ser feita em grupo ou individualmente. Durante a sessão são recriadas cenas que envolvam os sentimentos e sensações que o constelado sente sobre sua família. Nas sessões em grupo, são os voluntários e participantes que vivem essas cenas.
Já nas sessões individuais podem ser usados esculturas de bonecos ou quaisquer outros recursos disponíveis – setas, pedras, adesivos, âncoras de solo, para representar os diferentes papéis do sistema. Trata-se de uma técnica subjetiva e empírica (ou seja, sem comprovação científica) e, por essa razão, muitos especialistas consideram equivocado chamá-la de terapia. Ela foi criada pelo teólogo, filósofo e pesquisador alemão Bert Hellinger (1925-2019) que leva em consideração conceitos energéticos e fenomenológicos.
Muitos profissionais acreditam que a terapia convencional, inclusive a familiar, é mais cuidadosa por lidar com questões emocionais num tempo e numa amplitude maiores. O pós-sessão e os novos insights advindos de uma sessão são intensos, importantes e devem ser trabalhados com todo o cuidado. Por esse motivo, mesmo que o CFP não proíba nem contraindique a Constelação Familiar, o ideal é que ela funcione como prática complementar à psicoterapia. No Brasil inclusive, o próprio SUS (Sistema Único de Saúde) já a autorizou com essa finalidade.
Não. A constelação familiar não substitui a psicoterapia convencional, muito menos dispensa o uso de medicamentos e tratamento psiquiátrico para certas doenças, mesmo porque ela não cura nenhuma doença, apenas serve como recurso para sanar determinados problemas comportamentais e relacionais. As principais questões levadas à constelação familiar envolvem relacionamentos com o pai e/ou mãe.
A aplicação é muito abrangente, mas a maior parte dos emaranhados estão ligados à relação que as pessoas têm com os pais, como a dificuldade de aceitar certos comportamentos deles que rechaçam, mas que não conseguem deixar de reproduzir. Conflitos com filhos adolescentes também são rotineiros nas constelações, já que nessa faixa etária as discussões e o fato de eles se acharem mais espertos do que os pais são habituais. Dificuldades no emprego e no meio profissional, um destino familiar recorrente, problemas financeiros e condutas repetitivas (como escolher amizades ou relacionamentos afetivos abusivos) são outros males comuns abordados nesse tipo de terapia.
Mas o efeito depende do quanto a pessoa está aberta para a transformação. No processo, representantes e facilitadores podem pronunciar frases específicas de cura sistêmica. Algo como “devolvo o que é seu e tomo o que é meu”, “teve que ser como foi”, “eu te aceito”, “eu vejo você e permito que você me veja”, “se eu ou meus ancestrais causamos algum mal, por favor nos perdoe”, “eu perdoo você”, “está tudo bem”. Para os especialistas na técnica, essas frases repercutem de forma interna e ajudam a ressignificar dores, mágoas e conflitos. A emoção vai sendo diluída e substituída por apaziguamento. “Agora estou em paz” é uma frase que pode selar o fim, sendo que cada um usa o livremente.
Contra-Indicações:
Quem aplica a constelação familiar técnica ainda não indica para pessoas num momento de depressão intensa, emocionalmente frágeis ou comprometidas cognitivamente, pois toca em sentimentos muitos profundos e, para muita gente, difíceis de lidar. Pessoas com quadros psicopatológicos, que estejam em crise psiquiátrica ou em pré-crise, vítimas de traumas profundos, e pessoas sob efeito de álcool e drogas também não devem fazer. Crianças podem participar se tiverem autorização dos pais e se assim desejarem, mas Bert Hellinger sugeriria que tivessem mais de 8 anos de idade, faixa etária em que a compreensão de alguns fatos já é melhor. Quanto às gestantes, quem aplica a constelação familiar não recomenda a prática em grávidas em situação de risco e gestações no primeiro ou no terceiro trimestre, sob o risco, respectivamente, de aborto e parto prematuro.”
Agende seu momento comigo, podemos esclarecer mais sobre esse assunto.
Gratidão!
Dan Dronacharya.
Fontes: Carla Guth, pós-graduada em Psicopedagogia e especializada em Família e Construcionismo; Cássia Vasquez, Master Practitioner em Programação Neurolinguística Sistêmica, coach e Facilitadora de Constelação Sistêmica Familiar, de Santiago (Chile); Claudia Baptista Gomes, facilitadora de Constelação Sistêmica Familiar, do Rio de Janeiro (RJ); Denise Gobo, psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); Emília Santana, palestrante na área de Constelação Familiar, docente de workshops na Austrália e autora do livro “As Leis do Amor Constelação Familiar” (Editora Leader); Luciano Alves, psicólogo.