“Um dia…Pronto!…Me acabo.
Mario Quintana
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver.¨
Tenho pensado bastante sobre a vida e o amontoado de coisas que afirmamos ser ela! E o que é a vida, afinal? Oh! Perguntinha difícil, viu? A gente sempre se embaralha para responder, não é? Você já respondeu esta pergunta com todo o seu ser? Geralmente respondemos muito superficialmente, alguns ficam acanhados e outros surpresos como se a pergunta fosse bem “cabeluda” (risos). Dizemos sempre que a vida é o gosto que damos, dizemos que é a felicidade, que é ter paz e blá, blá, blá! Mas o que é a vida, afinal? Os filósofos não sabem responder com certeza, os idealistas, sim! Os mais céticos diriam que ela é apenas o existir da matéria, outros dirão que ela é a existência de um organismo que só respira, tantos outros não tão céticos e mais doutores poderiam dizer que ela é apenas o tempo entre o nascimento e a morte. Mas eu insisto, o que é a vida? Essa vida que é consumida pelo tempo do relógio e massacrada pelo tempo psicológico, se a vida é boa por que é tão sofrida e, porque não suportamos o vazio? Viver é um ônus ou um bônus? Para mim, ela foi por muito tempo apenas uma sequência obrigatória que todos seguem sem questionar, ora, pois, todos nascem, crescem, reproduzem ou não e morrem.
Mas todo ser humano, sem excessão, todos seguem essa sequência, todo ser tem na sua mente os deveres da VIDA, que são: crescer, ter uma carreira de sucesso, envelhecer com dignidade e morrer sem deixar muitos prejuízos (risos). Mas… Quais são esses prejuízos? Como se contabiliza a não existência? São financeiros? Logísticos? É, sobre o que fazer com os seus trapos? Se todos obedecem a uma regra atemporal, o que é valioso? Por que será que nos achamos tão importantes? Você é importante? Porquê? Pra quem, você é importante? O mundo vai deixar de existir para quem se você morrer agora?
Tudo o que sabemos sobre viver e morrer é uma especulação…
Nada se sabe ao certo, ninguém nunca voltou pra contar como são as coisas depois do fim da matéria, pensa, ae?!? Você já parou para pensar sobre o viver e o morrer ou você só obedece mansamente às informações que lhe foram passadas? Você já parou para pensar na beleza da aferição quando temos uma boa informação ou você sente-se ofendido quando tem alguma informação aferida?
Muitas perguntas e poucas certezas, né? C’est la vie, chérie! Mas uma coisa é certa, eu tenho certeza que nós tememos a morte e por temer a morte, morremos! Os homens criaram mitos e inúmeras realidades sobrenaturais, só para escapar da regra de que “tudo que nasce, morre”. Este assunto nos assombra e nos deixa totalmente paralisados desde que o mundo é mundo. Sem querer obedecemos cegamente a uma cultura mental de retardar ao máximo qualquer coisa sobre a morte, nós simplesmente não falamos! Vivemos de forma infantilizada e achando que a vida é só prazer e que depois dessa vida tem outra ou que você volta para essa, mas isso é outra grande ilusão, a minha gente, “prestem atenção no embaralhado do gato”. Ninguém deixa de viver porque se aborrece. Desperta! Esse temor nos tira a chance de apreciar as belezas que há no mundo, nos rouba os sentidos e tira-nos a alegria.
“Oh morte, tu que és tão forte
Raul Seixas
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite.”
Sem despertar vivemos fantasiando e idealizando um mundo para além desse para que enfim se possa viver sem sofrer. Perceba o tamanho dessa ilusão e o quão infantil ela, é! Acorda pequena Alice! Entenda, minha doce menina, perceba de uma vez por todas que a mente humana tem uma facilidade impressionante para se iludir e quando houver qualquer sinal de fumaça, ela entregará-se para o primeiro que aparecer e prometer apagar o incêndio, ela aceita rapidamente qualquer solução fácil, ela cria problemas, mas não os suporta, logo, ela cria muitos paraísos, entenda isso, pequena Alice!
” O oposto da morte é o nascimento, a vida não tem oposto.”
Eckhart Tolle
Isso acontece desde os primórdios da civilização humana, já nos é sabido que sempre tememos o fim daquilo que conhecemos (a matéria), ou melhor dizendo, a mente humana tem medo do desconhecido, e é por isso que não gostamos de falar sobre a morte. Mas se você deixar a sua mente expandir poderá ver que ao entender a morte, ganhará vida. Deixa fluir, tu és o pensador e o pensamento, és quem comanda e és também o comandado, vamos? Move! Move! Let’s go! Venha ver o sol. Venha, acompanha-me, eu não sou diferente de ti, somos iguais no pensar, todos pensamos! Todos temos aflições, mas nós não precisamos sofrer, o sofrimento não é nobre, não se pode chamar de nobre aquilo que causa rigidez, dor e tristeza. Isso é uma crença limitante, liberte-se!
” A dor é inevitável mas o sofrimento é opcional.¨
Sidharta Gautama
Respira! Eu não quero parar por aqui, vamos prosseguir? Pegue um cafezinho pra continuarmos, relaxa, não perca o embalo e vem comigo.
O tempo que passamos por aqui parece-me ser algo que foge ao nosso controle, não é? Nada depende da gente, a não ser a nossa própria paz, concorda? E por que é que a gente não consegue fazer isso com excelência? Por que é que temos tanta dificuldade de aceitar os outro a maneira deles e por que é que nós sempre achamos que sabemos um bocadinho mais do que toda a gente? Conta-me coisas, vai?!? (risos).
“A morte, surda, caminha ao meu lado
Raul Seixas
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar. Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?”
A morte surda caminha ao meu lado, Raul e eu também não sei em qual esquina ela vai-me beijar, será que ela vai permitir-me terminar o livro que comecei? Será que terei tempo de ver os meus netos? Terei netos? Será que ela vai deixar eu curtir a minha viagem, terminar o meu b… ou vai impedir-me? Será que terei tempo de trocar-me ou irei toda despenteada? De qualquer das maneiras eu sei que vou-te encontrar morte, vou-te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar, esperas só por mim e então me entregarei a ti sem reservas, eu juro! Mas por favor não se apresse, pode demorar a chegar.
É, eu tenho pensado sobre a vida e no amontoado de coisas que pensamos ser ela, e você?
Gratidão eu sou…
Dan Dronacharya 🙂