As belezas do Deus Inverno

“Winter is coming”…

Tudo é belo, desde o inebriar dos sentidos com o aroma das muitas lareiras e os variados cheiros exalados pelo campo ao encantamento que o pôr do sol incansavelmente faz, não sei dizer qual deles ganharia o concurso de belezura do ano, se é que existe o tal, sei que nem sei dizer de qual eu gosto mais, entretanto afirmo sem medo de errar que ambos me satisfazem.

A beleza do lugar aumenta conforme o mês de dezembro avança, e mais lindo ficam os crepúsculos e os alvoreceres aqui nas montanhas. A terra literalmente respira com o condensar do gelo sobre a relva que lhe cobre a cabeça. A toalha esquecida no varal que de tão gelada ficou dura, ganha brilhos com os primeiros raios solares do amanhecer e o derreter do gelo sai em forma de vapor como se tivesse ficado sem graça de ali se pôr, e as árvores?

As árvores soltam fumaças, os passarinhos cantam e os telhados, ao descongelarem, parecem chorar! Os pingos que caem do telhado do barracão velho parecem querer imitar a chuva, isso de primeira até nos assusta, mas depois tudo vai se aquietando e logo ali o sol vem a caminho, ele chega de mansinho, como quem quisesse acalmar a situação ou simplesmente aquecer algum coração que aflito pede calor humano em oração.

Hum! As manhãs frias da segunda quinzena de dezembro encantam nossos olhos e enchem de paz a alma que nestas horas da manhã certamente, ainda está toda sonolenta.

As horas avançam e novamente temos a nossa frente mais uma oportunidade de reverenciar o Divino que nos habita, mais uma chance para se viver plenamente e apreciar as belezas que o dia traz. Belezas, essas que não cabem aqui e nem sei se existem palavras que as descrevem.

E o como é o novo senhor? O deus Inverno é tal qual o deus Outono também é todo belo, pomposo e exuberante, portanto de agora em diante não é permitido chinelos. Ele é cheio de graça e gosta de fazer pose de durão, faz isso, só pra ver se mete elegância em alguém.

Mas, nós bem sabemos que nada que é divino pode ser rijo, portanto relaxe e solte o riso, isso é só pose do lindo. Use e abuse do charme, não se esqueça do cachecol e se lambuze com a delícia de trajar um sobretudo, vale tudo, pode ser de lá, couro e até veludo.

Está na hora de celebrar, é festa! São tempos de celebrações, relaxe e deixe a briga para depois, quem sabe até lá passe a vontade. Também é nesta estação que comemoramos o natal, promovemos os reencontros, renovamos os votos de solidariedade, perdoamos e pedirmos perdão, nesta altura do ano e portanto durante o Inverno é que ficamos mais quentes, humanos, elegantes e ternos.

Bem,

A chegada oficial do deus Inverno será no solstício que leva seu nome, no dia 22 de dezembro às 03:27, por isso, há quem diga que os maravilhosos shows antes desta data fazem parte da despedida com chave de ouro do maravilhoso deus Outono.

Isso tudo só porque ele é um dos deuses mais lindos do Universo, não é mesmo? Eu sei! Pode ser só uma despedida dele, mas também é verdade que já dá pra sentir que o magnifico Inverno já vem pelo caminho, vem deslumbrante, montado em seu dragão branco e já dá ares de que não deixará nada a desejar, ele tem dado pinta de que vem mesmo pra arrasar e colocar sobre a mesa as suas inenarráveis belezas que devem ser degustadas vagarosamente como se fossem uma taça de vinho seco.

Respire, o gelo já se forma no campo, o vento já está bem mais refrescante, os aromas e sons da natureza mudaram completamente. Ainda há aguaceiros, mas agora, além de “ploft, ploft”, também fazem “craft, craft” quando se pisa no gelo, é divertido!

Alguns poucos carvalhos e, entre eles, a minha Dandine, têm resistido ao maravilhoso desfolhar dourado com tons de marrons do deus Outono. Ela se mantém plena e cheia de folhas verdes; ele ainda não foi capa de alcançar a minha deusa, ela permanece linda e sem se curvar, está toda coberta por musgos e cogumelos , nota-se que ela aguarda silenciosamente para saudar o imponente Inverno.

Com tantas mudanças no ambiente, confesso que por uns poucos instantes fiquei aflita e sem perder o gosto pela a vida, tal qual uma menina, corri até o regato, imaginei que ele teria congelado. Não! Não congelou. Sorrindo, eu disse a mim mesma para ter calma, manter-me na minha aura e escutar apenas as energias.

A água do regato é um regalo, continua a correr e a fazer o som que me acalenta, junto com todos os sons da mata que me sustenta, mas eu não tenho escutado é o crocitar dos corvos; se calhar, migraram ou andam por ai com outras ocupações.

Os formigueiros, sim, esses congelaram! Que engraçado, a água continua a correr no regato, mas a casa das formigas, que é no chão, fez-se gelo no portão. Ficou tudo branco, e com o avanço das horas choverá na casa delas. Acho que a dona formiga que é toda bela não sairá tão cedo do centro da terra.

Os encantos saltam-me aos olhos… Tente sentir!

Gratidão, eu sou por ser parte e por perceber essa integridade que faz completo um único ser.

Por ora, arrefeça o sistema nervoso e aqueça o coração. Deixemos, portanto o Sol brilhar, mesmo que o dia esteja frio…

Gratidão,

Dan Dronacharya

Sobre Dan

Estudante da consciência, Escritora e Professora de Yoga

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