“Não se colhe rosas onde se semeou Urtigas.”
Dizem que todos os seres humanos desejam ir para o céu, contam que lá é o eterno paraíso, mas…
Encontrar o céu e tentar tocá-lo, senti-lo ou quem sabe até mesmo, possuí-lo parece ser algo inconcebível à mente humana. Parece que temos, instintivamente, uma necessidade de problematizar, inventar e procurar confusões.
Não conseguimos ficar em paz, ouvir o silêncio e nem de longe podemos cogitar a ideia de nos interiorizarmos um pouco. Afastar-se das fofocas, das contendas e das tentações parece ser coisa de gente idiota. Pode ser, para você pode ser, mas… O que é paz para você?
Bem, tenho ficado no campo e cada vez mais tenho optado por não sair.
São inúmeros desconfortos físicos e mentais que tenho que desconsiderar para conseguir sorrir. Acho que tenho ficado intolerante ao vazio humano, igual o povo diz não tolerar a lactose (risos).
Ando sem disposição para as conversas sem sentido e não tenho suportado os muitos “recs” e repetes das mentes funcionais, essa necessidade de seguir e repetir sem entender me cansa e tem me deixado impaciente.
Prefiro o campo!
Esses dias perguntaram-me se eu não deveria voltar à ativa? Pensei, de onde essa pessoa tirou que eu estou inativa? Quem disse isso a ela, coitada! Bem, achei rápida a conclusão dela em pensar isso a meu respeito, mas como sou uma bruxa “educada”, deixei correr, e sim! Ela continuou a dizer-me que eu deveria voltar a dar aulas na universidade, nos jardins, nos estúdios ou mesmo atender online para eu sarar dessas coisas que os médicos não descobrem.
Eu disse que ia pensar sobre o assunto. E pensei; Continuo sem entender porque é que as pessoas acham que a paz adoece.
Quem foi que afirmou que é a vida pacífica que levo hoje me faz doente? Eu nasci com uma doença autoimune que tem me causado alguns desconfortos, entre eles um caroço que está a crescer na raiz da perna direita e que não sabem ainda se é um lipoma inflamado ou mais uma das muitas interrogações sem definições.
Portanto, tenho preferido o campo. Penso que com o passar dos anos, a prioridade da gente acaba mudando e que ter procurado muitos problemas, ter sido obesa com mais de 100 quilos, estressada, mal amada e revoltada contribuíram para que eu colhesse estes resultados.
Eu gosto de dizer que somos o resultado daquilo que plantamos e também gosto de afirmar que a obesidade é um monstro invencível.
Ela não acaba com a perda de peso, ela sempre deixará sinais, o seu corpo cobrará a falta de consciência, é óbvio, que mais cedo ou mais tarde e se você viver o suficiente, um dia a conta chega.
A irreverência com a sua essência é elucidada na sua falta de consciência consigo, o relapso com a limpeza e a preservação do templo que você é deixará marcas e colher aquilo que planta faz parte do equilíbrio universal, penso eu!
O mundo anda na mão oposta, o que nos faz mal é o contrário do que muitos pensam, o que de fato nos adoece é a necessidade que temos em agradar para sermos aceitos, é a não aceitação de si, é a rejeição a sua essência que traz esses malefícios, foi o esforço para se encaixar nos padrões externos, tudo isso nos rouba a paz e nos deixa doente dos nervos.
Desperta a insegurança e o ciúme que deixa rugas, envelhece, enrijece e aborrece, não vale a pena!
O apego por sua vez faz mal aos ossos e com o tempo isso degenera como pó ao vento e sinceramente, eu não acho que nada lá fora pode contribuir com alguma coisa que fomos nós que semeamos, não acho que outra pessoa deve carregar a cruz no meu lugar, acho que devo aceitar aquilo que plantei, e, é claro que e para mim, aceitar não é entregar.
Eu amo a vida! E, por isso que tenho preferido o campo.
Tem dez anos que tenho optado florir e desejado ardentemente que o pranava Om acalme a minha alma.
Ok, amores! O dia lá fora está lindo e por ora é melhor apreciarmos o dia de hoje, plantar flores e esperar florescer.
Deixemos o sol entrar, brilhar e fazer morada. Om …
Gratidão.
Doces Primaveras para vocês;
Dan Dronacharya.