Reflexões sobre a essência humana e a busca pela autenticidade
Este é mais um artigo meu na revista Meer
https://www.meer.com/pt/74007-a-liberdade-e-as-visoes-de-mundo
Segundo o nosso amado Bert Hellinger, existem duas formas de ver as coisas ao nosso redor: a forma filosófica e a forma terapêutica.
A forma filosófica, é aquela que traz julgamentos. Essa forma de ver falará sempre dos avanços mentais que tivemos, analisará o todo e muitas vezes dará seu veredito de forma fria e imparcial.
Por outro lado, o olhar terapêutico tem uma outra abordagem. A sua visão é mais acolhedora, menos fria e mais humana. Esse modo de ver as coisas analisará as circunstâncias e evitará os julgamentos precipitados que geralmente são conceitos próprios do mesmo julgador. Para o olhar terapêutico a analise precisa ser mais profunda, acredita-se que o indivíduo pode não ser ruim, mas, sim circunstâncias que o levaram a tais atos “condenáveis,” as vezes se envolveu em algo ruim, entrou numa cilada, confiou em quem não devia, e assim por diante. E sim! O oposto também é verdadeiro: muita gente é lobo em pele de ovelha, se faz de bom para conquistar, se arma em príncipe encantado e tantas outras formas de ludibriar.
Mas qual é o seu olhar? A sua visão de mundo se baseia apenas nesses dois conceitos, ou você também acha que a vida é bem mais ampla do que as duas visões de mundo citadas acima? Segundo Jordan Peterson, o indivíduo, quando livre de “olhares”, só faz aquilo que realmente quer fazer. Será?
Eu concordo com Jordan neste sentido, só que também acho que as pessoas fazem o que querem o tempo todo e não somente quando não estão cercadas de pessoas, ou seja sozinhas. O meu amado professor de ética, Clóvis de Barros Filho, sempre dizia em suas aulas que a moral é aquilo que você faz quando está sozinho. Mas, exercitar qualquer coisa longe dos olhares alheios é bem mais fácil e, às vezes, até mais prazeroso, não é?
No final das contas, e em última instância, o ser humano só satisfaz ao seu desejo próprio. Ele sempre irá lutar para manter aquilo que mais valoriza. Mas como explicar aqueles momentos em que a gente acaba fazendo as coisas sem querer? Como entender as obrigações e as regras? Essa liberdade de ser o que quiser existe ou é só mais um conto?
Acredito que essa resposta também já esteja respondida dentro de si. Nós sabemos até onde ir, como ir e com quem vamos. É importante discernimos que nada é absoluto e tudo é variável! Quando não entendemos isso, seja por falta de informação ou por ignorância, perdemos a liberdade.
Segundo a filosofia do Yoga, “liberdade é autodisciplina”. Acredita-se que o ser é autorresponsável , quando ele responde conscientemente por seus atos e sentimentos, quando ele já não culpa mais ninguém pelos seus sentimentos e ações, é que ele se torna livre. Para o Yoga, uma pessoa só é livre quando ela já conseguiu se soltar das amarras dos outros.
Se abdicarmos dessa responsabilidade, também perderemos a liberdade. Alguém mandará na nossa vida porque não somos capazes. Liberdade é poder responder pelas coisas, sejam essas escolhas positivas ou negativas, segundo olhares alheios, e qualquer coisa fora disso é lenda. A observação disso é muito simples: se alguém paga, esse alguém também manda.
Eu sou meio como Voltaire, acredito que liberdade é possuir todas as chaves, ser conhecedor de todos os caminhos e ainda assim resolver se permanecer. Acredito que um anjo que corta as suas asas talvez tenha em seu peito o desejo, ainda que insano, de não mais querer voar. Acredito que o ser só é livre quando pode ser “parvo”, até mesmo porque, para mim, todas as pessoas ignoram algum assunto e o entendido de tudo não entende nada.
Para mim, a liberdade é a maior conquista da alma humana, e por isso ela é muito falada, confundida com libertinagem e, portanto, usada indevidamente.
Penso que ser livre para pensar ou para ser você mesmo independentemente do que os outros querem de você, ainda é a nossa maior busca.
Gratidão,
Dan Dronacharya.